Michael Kröhnen - Autor

H. Michael Kröhnen nasceu em Arnstein, uma pequena cidade perto de Frankfurt/Main, na Alemanha, no outono de 1943. No prólogo de seu livro, ele comenta que, tendo crescido no pós guerra, a natureza e sua beleza assumiram um profundo significado para ele:

       “Campos de altos capins dourados dançando à luz do sol, nuvens brancas contra o céu azul, o vento nas árvores e as estrelas brilhantes à noite eram como descobertas de outra dimensão mais pacífica, diferentes do mundo que o homem criara. Voltando até onde posso me lembrar, nutri uma ardente curiosidade pelo que estava além das aparências, pelas causas derradeiras, pelo sagrado.”
 
      A dura lição da Segunda Guerra, a constatação da existência dos horrores dos campos de concentração, tudo isso produziu nele um choque irreparável: 

      “A outrora orgulhosa sociedade e cultura em que eu havia crescido fizera isso, e meus compatriotas tinham sido, no mínimo, cúmplices silenciosos. A vergonha e a culpa que senti foram inconsoláveis: dor por Auschwitz, Sobibor e Treblinka; uma grande tristeza pela humanidade que infligiu a si mesma tanto sofrimento. Os objetivos e ideais definidos pela sociedade, pela cultura, pela religião, tornaram-se subitamente sem sentido para mim. Ler livros, escrever poesias, desenhar, tocar flauta, viajar para países distantes e descobrir novas culturas - essas eram as atividades que ainda tinham valor para mim”.
 
        Após terminar o colegial, emigrou para os EUA e passou a residir no sul da Califórnia, onde cursou a Faculdade de Ciências Sociais – uma vida nova se descortinava, juntamente com o seu “despertar do interesse pela busca da verdade”.

        Isto o levou a explorar as várias expressões religiosas da humanidade, a descobrir o Zen, e do Zen “foi menos de um passo para o Buda e seus insights valiosos e libertadores quanto à universalidade do sofrimento.” Estudou o Tao, e a sabedoria dos Vedas e Upanishads, vinda da Índia – que colocava a mente individual e a cósmica como uma única mente.  
 
      “Ao prosseguir na leitura e estudo dos textos da busca humana pelo sagrado - a tradição judaica, os Sufis, os Faraós do Egito, os místicos cristãos, e outros - eu ficava intrigado pelas semelhanças entre essas diferentes expressões, mas, também, eu era cético. Elas todas pareciam estar baseadas em um insight original sobre o mistério da vida, transmitindo-o em imagens e linguagem de seu respectivo tempo histórico. Ainda assim, algo essencial parecia estar faltando. (...) Nenhum deles sabia qualquer coisa sobre as Guerras Mundiais, os campos de concentração, ou sobre o pouso na lua, nem sobre telefones, aviões, carros, televisão, computadores, e-mail e muitos outros dispositivos tecnológicos, que definem a vida moderna, com suas enormes complexidades”.
       
       “Em uma decisiva manhã em San Diego, Califórnia, em 1966, deparei-me com um livro não de, mas sobre um homem chamado J. Krishnamurti e sua filosofia da mente silenciosa. Intrigado, eu o estudei, e estava menos cativado pela interpretação de sua filosofia que pelas citações originais. Suas palavras repercutiram de forma profunda e duradoura em minha mente. Logo encontrei vários livros escritos por ele e, de imediato, percebi que ali estava uma voz da razão, de penetrante insight sobre a condição humana, de uma maneira que eu nunca antes havia escutado. Sem oferecer um sistema de crença, um método ou uma interpretação, ele descrevia com acurácia a situação global da humanidade, em uma linguagem simples e clara, demonstrando o caráter destrutivo das organizações nacionais e religiosas. Recomendava insistentemente que cada um descobrisse a verdade por e para si mesmo, e negava qualquer forma de autoridade espiritual ou religiosa, inclusive a sua própria. Além de fornecer uma perspectiva nova e holística, ele colocava em palavras precisas o que eu vagamente sentia e sobre o que cogitava. Encontrar os seus escritos foi como descobrir uma joia preciosa, e o que ele disse me eletrificou tão completamente que resolvi procurar tudo o que pudesse sobre esse homem e, se ele ainda estivesse vivo, partir em sua busca e encontrá-lo.”

     E não demorou para Michael ter seu primeiro encontro com Krishnamurti na Índia, e também passar a seguir o seu programa anual de palestras na Suiça, na Inglaterra, Índia e EUA. E, quando soube que havia vaga para fazer parte de uma nova escola Krishnamurti na Califórnia (como jardineiro, homem de manutenção ou cozinheiro), ele preencheu o formulário e se apresentou, sem saber nada destas três funções. Foi admitido como cozinheiro, para sua surpresa.

      Este livro mostra a trajetória de vida de Michael, especialmente em Ojai, na Califórnia, onde ele não só cozinhou para Krishnamurti, mas participou de sua vida do dia a dia, as interações com amigos, com funcionários da Fundação, com o corpo docente da escola, com desconhecidos que vinham com suas questões de vida. É um relato de Krishnamurti não como figura pública, mas na sua vida quotidiana; é uma descrição do que foi estar na presença de um ser desta grandeza, e o impacto disso na vida de quem estava junto. Estar junto a esta fonte e beber dela era tudo que Michael queria e sobre o que escreveu neste livro.

       Krishnamurti desafiou a cada pessoa que estava por perto para escrever sobre o que foi estar junto dessa tremenda energia que passava por ele. Portanto, é algo fora do plano pessoal (cuja autoridade ele sempre desautorizou). É algo que toca uma dimensão desconhecida, além das palavras, apenas para ser recebida integralmente – como Michael escreveu em uma de suas poesias:

            “A voz de um homem
            Floresce palavras
            De verdade mais clara:
            Espelhos de cristal polido:
            Apenas para receber,
 Apenas para escutar
 Apenas para ver.”



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