Ana Carolina Martins Lopes

Sou Ana Martins, nasci e cresci em Belo Horizonte, cresci na zona norte dessa cidade e nela passei uma série de adversidades que diversas meninas e mulheres negras passam nas periferias das grandes cidades. Filha de Jovina e Artur, faxineira e soldador, mãe negra e pai branco, ambos pobres e arrimos de família; estudei em escola pública, tida como a pior escola do bairro, bairro Lagoa, e que, infelizmente, fui a única da minha turma a entrar para uma universidade federal e posteriormente fazer mestrado e a segunda da minha família a entrar em uma graduação. Uma triste situação tão comum em nosso país. Investiguei no mestrado um movimento que pautava a minha existência e de tantas outras pessoas e é sobre ele que tratarei abaixo.

A segundaPRETA nasce em uma segunda-feira, de Exu, o dono das encruzilhadas que sem ele nada acontece. Nasce em janeiro de 2017, sendo considerado por esse trabalho como   um movimento negro artístico que se organiza por temporadas de apresentações de cenas curtas, experimentos cênicos, espetáculos das artes cênicas dança, performance e etc. 

A segundaPRETA foi uma investigação realizada em meu mestrado sob orientação da professora Nilma Lino Gomes – 2020 - da faculdade de Educação - UFMG, onde realizei uma pesquisa qualitativa, tendo a etnografia como metodologia, acompanhando intensamente das reuniões à arrumação do espaço. 

Buscou-se investigar a segundaPRETA como um movimento negro do século XXI e entendeu-se que este movimento se articula a partir da arte negra e se propõe a “criar um espaço onde pudéssemos, além de nos fortalecermos e nos cuidarmos, mostrarmos nossas produções artísticas e gerarmos conhecimento sobre nós mesmos” (cadernoPRETO 1, 2017 p. 4). Inventar outras formas de se fazer e produzir arte e tendo como foco produções negras é também contrapor as produções em artes cênica na cidade de Belo Horizonte, os percursos de escolas de formação em arte e as bases epistemológicas de criação.

Estas diversas experiências também são contexto de criação e base da segundaPRETA, que nasce a partir de toda essa história e que estabelece um exercício de contrapor narrativas como todas as experiências citadas e visa estabelecer novos destinos e entendimentos sobre o seu fazer, que é preto.
 

 OBRA

 












 

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