A pele de Atunbi é cor de cappuccino. Mais clara que a de sua mãe e mais
escura que a de seu pai. Em casa essa diferença nunca havia sido problema,
afinal de contas se sentia muito amada do jeito que é. Com o passar do tempo
começou a se deparar com apelidos sobre a sua cor que a deixaram muito
confusa, como “cor de cuia”, “pouca tinta” e “moreninha”. Mas foi após ouvir
“cor de sujeira” que Atunbi ficou triste e passou a duvidar de sua própria
identidade. Questionando se sua cor é sujeira, Atunbi passa a esfregar sua
pele até ficar vermelha, em uma tentativa falha de clarear. Ao ser questionada
por sua mãe, sobre o motivo de sua tristeza, Atunbi lhe pergunta “o que eu
sou?”. Sua mãe explicou que há diversas formas de ser negro e com isso, a
menina passou a reparar os diversos tons de pele que pessoa negras podem
ter, como um arco-íris entre o preto e o marrom claro. A mãe de Atunbi ainda
explicou que além dos tons de pele, as pessoas negras possuem uma
variedade de traços, a menina começou a se dar conta que com tantas
diferenças, cada um é lindo do jeito que é.
Ao final deste diálogo Atunbi consegue se reconhecer enquanto uma menina
negra. Atunbi, que em Iorubá significa renascer, precisou dar novo significado à
palavra negro e às suas vivências anteriores. E tal como seu nome, é como se
agora tivesse renascido, afinal sabe que não está só e que pertence a algum
lugar.